No início da semana, mostramos uma pesquisa em que está demonstrada a
contradição entre a pesquisa do governo, mais ou menos em volta de 6 %
ao ano, e a pesquisa de uma organização de consumidores, chamada
Proteste, que revelou numa cesta de 104 itens, que os preços chegaram a
subir até 19% nos supermercados entre 2012 e 2013. Ora, o que reajusta
os salários, quando o patrão repõe o índice inflacionário, é o
percentual do governo e na hora de comprar a boia vale a inflação do
mercado, mais de três vezes extorsiva. Como e que fica dona Francisca?
A pesquisa paralela é anual e alcança 21 cidades de 14 Estados do país.
Manaus está fora mas, certamente, alteraria para pior o resultado.
Aqui, o trabalhador compra carne, frango e até peixe vindo de fora. Tem
até peixe poluído trazido do rio Mekong, no Vietnam. Com esses alimentos
e itens do cotidiano trazidos quase inteiramente de fora, em especial o
Sul do país, onde vai parar o poder de compra da população?
Preços apavoram dona de casa
A carestia foi a maior variação desde 2009, quando foi iniciada essa investigação. A cesta tem produtos que vão de hortifrúti a higiene e limpeza e mostrou alta generalizada nos preços de alimentos, bebidas e artigos de limpeza e higiene em todo o país. São coletados para essa cesta apenas os valores de marcas líderes de mercado em cada região pesquisada. Quem bater perna na hora de comprar consegue uma economia de até R$ 2.028,90 por ano, considerando a compra mensal dessa cesta. Quem, porem, não tem tempo nem carro para correr atrás de preço e do prejuízo tem que amargar a diferença entre um índice de enganação e uma carestia de assombração.
Improvisação e amadorismo de um governo
O experimentalismo econômico do governo trouxe uma conta indigesta. Menor controle de gastos, aumento desmedido de crédito público e intervencionismo setorial excessivo não levaram à aceleração do crescimento. Ao contrário, minaram a confiança de investidores e consumidores e, até aqui, resultaram em mais inflação. O último relatório do Banco Central reforçou a impressão de que a batalha contra a alta de preços está longe do fim e de que o crescimento demorará a deslanchar. Nas projeções do BC, a inflação permanecerá pouco abaixo de 6% anuais pelo menos até o final de 2014. O principal motivo é a valorização do dólar, que pressiona preços de produtos importados. Estima-se o crescimento do PIB em parcos 2,5% ao ano.
Intervenção danosa com dinheiro público
O atual cenário remonta a 2009, quando a crise financeira de certa forma legitimou o retorno do ativismo estatal. Então era possível justificar o combate à recessão por meio de maior gasto público. Em 2010, por razões eleitorais, a estratégia foi mantida. O problema brasileiro, contudo, já não era um mercado desaquecido. Com dinheiro público injetado na praça, houve um choque de custos que onera a economia desde então. A presidente Dilma Rousseff reforçou a aposta na maior presença do Estado e manteve a ampliação dos gastos e do financiamento de bancos oficiais. Completou o modelo com intervenção setorial --não raro improvisada e até truculenta-- e tolerância com a inflação. Tratava-se de consolidar os juros baixos como marca de governo.
Falta liderança e competência
A estratégia, hoje se vê, não rendeu os frutos esperados. O governo parece reconhecer que sua margem de manobra na política econômica é mais estreita e, tardiamente, ensaia corrigir o rumo. A mudança, tímida, começou há alguns meses com o Banco Central, que iniciou um ciclo de alta de juros para conter a inflação. Desde julho a taxa básica (Selic) subiu de 7,25% para 9%, e não se descarta que em breve volte a dois dígitos. Mais recentemente, o governo tenta convencer a sociedade de que atuará de forma mais previsível e responsável, sobretudo na gestão do orçamento e do crédito público. Algumas medidas de incentivo ao consumo, como cortes de IPI, também estão sendo revertidas. As concessões, se saírem, comporão o quadro de otimismo. Se confirmada, a nova orientação representará uma boa notícia. À luz dos desafios dos próximos anos, contudo, é preciso muito mais que modificações pontuais. É necessário reorientar a economia brasileira no sentido da retomada dos investimentos e da produção. A agenda interna é de corte de custos e revisão do modelo que até agora privilegiou consumo e carga tributária sempre crescentes. O desafio dessa transição não é pequeno. Demanda liderança política e competência de gestão --atributos escassos no atual governo.
Preços apavoram dona de casa
A carestia foi a maior variação desde 2009, quando foi iniciada essa investigação. A cesta tem produtos que vão de hortifrúti a higiene e limpeza e mostrou alta generalizada nos preços de alimentos, bebidas e artigos de limpeza e higiene em todo o país. São coletados para essa cesta apenas os valores de marcas líderes de mercado em cada região pesquisada. Quem bater perna na hora de comprar consegue uma economia de até R$ 2.028,90 por ano, considerando a compra mensal dessa cesta. Quem, porem, não tem tempo nem carro para correr atrás de preço e do prejuízo tem que amargar a diferença entre um índice de enganação e uma carestia de assombração.
Improvisação e amadorismo de um governo
O experimentalismo econômico do governo trouxe uma conta indigesta. Menor controle de gastos, aumento desmedido de crédito público e intervencionismo setorial excessivo não levaram à aceleração do crescimento. Ao contrário, minaram a confiança de investidores e consumidores e, até aqui, resultaram em mais inflação. O último relatório do Banco Central reforçou a impressão de que a batalha contra a alta de preços está longe do fim e de que o crescimento demorará a deslanchar. Nas projeções do BC, a inflação permanecerá pouco abaixo de 6% anuais pelo menos até o final de 2014. O principal motivo é a valorização do dólar, que pressiona preços de produtos importados. Estima-se o crescimento do PIB em parcos 2,5% ao ano.
Intervenção danosa com dinheiro público
O atual cenário remonta a 2009, quando a crise financeira de certa forma legitimou o retorno do ativismo estatal. Então era possível justificar o combate à recessão por meio de maior gasto público. Em 2010, por razões eleitorais, a estratégia foi mantida. O problema brasileiro, contudo, já não era um mercado desaquecido. Com dinheiro público injetado na praça, houve um choque de custos que onera a economia desde então. A presidente Dilma Rousseff reforçou a aposta na maior presença do Estado e manteve a ampliação dos gastos e do financiamento de bancos oficiais. Completou o modelo com intervenção setorial --não raro improvisada e até truculenta-- e tolerância com a inflação. Tratava-se de consolidar os juros baixos como marca de governo.
Falta liderança e competência
A estratégia, hoje se vê, não rendeu os frutos esperados. O governo parece reconhecer que sua margem de manobra na política econômica é mais estreita e, tardiamente, ensaia corrigir o rumo. A mudança, tímida, começou há alguns meses com o Banco Central, que iniciou um ciclo de alta de juros para conter a inflação. Desde julho a taxa básica (Selic) subiu de 7,25% para 9%, e não se descarta que em breve volte a dois dígitos. Mais recentemente, o governo tenta convencer a sociedade de que atuará de forma mais previsível e responsável, sobretudo na gestão do orçamento e do crédito público. Algumas medidas de incentivo ao consumo, como cortes de IPI, também estão sendo revertidas. As concessões, se saírem, comporão o quadro de otimismo. Se confirmada, a nova orientação representará uma boa notícia. À luz dos desafios dos próximos anos, contudo, é preciso muito mais que modificações pontuais. É necessário reorientar a economia brasileira no sentido da retomada dos investimentos e da produção. A agenda interna é de corte de custos e revisão do modelo que até agora privilegiou consumo e carga tributária sempre crescentes. O desafio dessa transição não é pequeno. Demanda liderança política e competência de gestão --atributos escassos no atual governo.

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