03/01/2014
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17h35
GABRIEL BALDOCCHI
DE SÃO PAULO
Atualizado às 18h16.
O diretor de Relações Institucionais da GM, Luiz Moan, confirmou nesta
sexta-feira (3) a demissão de 1.053 funcionários do complexo industrial
de São José dos Campos (SP).
Segundo ele, essas vagas estavam garantidas até dezembro por um acordo
trabalhista firmado com o sindicato local em janeiro de 2013. A partir
de então, poderia haver demissões.
Parte dos trabalhadores ameaçados já se desligou da fábrica nos quatro
PDVs (Programa de Demissão Voluntária) feitos pela montadora ao longo do
último ano. O restante foi demitido no último sábado (28). Moan não
informou quantos já saíram. O número será divulgado após reunião com o
sindicato.
O diretor da GM se reuniu com o ministro Guido Mantega (Fazenda) em São
Paulo para discutir o tema. Segundo ele, o encontro foi convocado por
Mantega e serviu apenas para que a montadora explicasse as demissões.
Moan diz ter detalhado os termos do acordo sobre a data da manutenção
dos postos de trabalho. "O ministro está preocupado com as notícias
[sobre] de São José dos Campos. Claramente ele lembrou os termos do
acordo".
O representante da GM descartou a possibilidade de reversão das demissões. "Acordo assinado é acordo assinado."
O encerramento das atividades na fábrica de automóveis foi anunciado no
último sábado (28). Segundo a montadora, a produção se tornou inviável
diante dos altos custos no local.
SINDICATO
As negociações entre a GM e o sindicato se estendem desde 2008. Nos
últimos dois anos, a montadora encerrou a produção de quatro modelos de
carros em São José dos Campos e concentrou os novos produtos em suas
outras fábricas.
Na unidade, a companhia manterá as linhas de montagem dos comerciais S10
e Traiblazer, além de fábricas de motores e transmissão. O último
acordo da área de automóveis foi o de janeiro, que garantiu os
funcionários do modelo Classic até dezembro.
O carro parou de ser produzido no local em agosto e os trabalhadores permaneceram em licença remunerada até o final do ano.
O sindicato alega quebra de compromisso. Diz que o governo aceitou
elevar o IPI para uma alíquota menor em troca de manutenção do nível de
emprego.
O imposto foi reduzido a zero em 2012 e parcialmente recomposto no ano
passado. Em janeiro, voltaria aos 7% originais, mas o governo decidiu
elevar para 3% até julho.
Moan afirmou que a montadora vem cumprindo o compromisso de manutenção
do emprego setorial desde a redução do IPI. Segundo ele, o número de
empregados no setor saltou de 145 mil em maio de 2012 para 155 mil em
novembro deste ano.
TELEGRAMA
No sábado (28), o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Antonio
Ferreira de Barros, disse que os funcionários da montadoras receberam um
telegrama comunicando a demissão, após receberem uma carta sobre o
término da licença remunerada e o início das férias coletivas.
Barros disse também que o sindicato entraria na segunda-feira (30) com
uma ação judicial contra as demissões. Moan não comentou os assuntos.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/01/1392976-gm-confirma-demissao-de-1053-funcionarios-em-sao-jose-dos-campos.shtml